sexta-feira, 31 de agosto de 2012

Borda d'Água: O verdadeiro almanaque

Uma vaca na varanda lê o almanaque Borda d'Água, reportório útil a toda a gente

Calma! Antes deste homem começar a semear e a plantar permitam-me que vos apresente o mais velhinho almanaque que conheço. Aliás, como está bem patente na capa do pequeno livrinho, "O verdadeiro almanaque, Borda d'Água, reportório útil a toda a gente para 2013, contendo todos os dados astronómicos e religiosos e muitas indicações úteis de interesse geral".

Editado desde 1929 pela Editorial Minerva, o almanaque Borda d'Água tem actualmente o preço de dois euros - as revistas cor de rosa devem custar sensivelmente o mesmo por semana/mês e não têm tanta informação útil para o nosso projecto - e é leitura obrigatória de qualquer agricultor, principalmente para iniciantes como nós. Para quem não conhece, este livrito é pouco maior que uma folha A5 e tem precisamente vinte e três páginas (capa incluída), em que doze delas, uma por cada mês do ano, têm informações úteis sobre astrologia, agricultura, jardinagem e animais, das quais destaco as relacionadas com a horta, especificamente quando e o que plantar. Porreiro não? Nas restantes onze páginas o Borda d'Água aborda outros assuntos interessantes. Na capa tem o calendário do ano 2013, o que é sempre útil, e nas outras tem coisas como os dias e nomes dos feriados e festividades, fases da lua e a tabela das enchentes e vazantes das marés, eclipses, festas e feiras, pequenos textos e pensamentos moralizadores e sabedoria popular.

Mas o que queria mesmo partilhar convosco é o significado que o Borda d'Água tem para mim. Se não me falha a memória este foi dos primeiros livros que li ou com o qual tive contacto, tirando os livros escolares, claro. O meu avô materno não prescindia da sabedoria publicada todos os anos por este almanaque. Lia interessadamente cada palavra com os óculos postos com ar inteligente. Agora percebo onde é que ele se inspirava para me cantar o fadinho quando eu fazia traquinices. Valores que nesta era moderna em tempo de crise todos parecem esquecer. Valores transmitidos de pai para filha, de avô para neto, de mãe para filho, que eu ouvi e ainda ouço vezes sem conta. Pequenas frases populares carregadas de significado. Frases como li ao desfolhar a edição do Borda d'Água de 2013 que orgulhosamente adquiri, e que me fizeram refletir nesta vida que por vezes chamamos de ingrata. Frases daquelas que agora circulam nas redes sociais, que muitos jovens leêm mas parece não sentirem, mas que mesmo assim valem a pena repetir.

"Se um homem procura numa vida boa algo para além dela, então não é a vida boa que procura" - Plotino.

"Filho és pai serás, conforme fizeres assim acharás"

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