sexta-feira, 31 de agosto de 2012

Borda d'Água: O verdadeiro almanaque

Uma vaca na varanda lê o almanaque Borda d'Água, reportório útil a toda a gente

Calma! Antes deste homem começar a semear e a plantar permitam-me que vos apresente o mais velhinho almanaque que conheço. Aliás, como está bem patente na capa do pequeno livrinho, "O verdadeiro almanaque, Borda d'Água, reportório útil a toda a gente para 2013, contendo todos os dados astronómicos e religiosos e muitas indicações úteis de interesse geral".

Editado desde 1929 pela Editorial Minerva, o almanaque Borda d'Água tem actualmente o preço de dois euros - as revistas cor de rosa devem custar sensivelmente o mesmo por semana/mês e não têm tanta informação útil para o nosso projecto - e é leitura obrigatória de qualquer agricultor, principalmente para iniciantes como nós. Para quem não conhece, este livrito é pouco maior que uma folha A5 e tem precisamente vinte e três páginas (capa incluída), em que doze delas, uma por cada mês do ano, têm informações úteis sobre astrologia, agricultura, jardinagem e animais, das quais destaco as relacionadas com a horta, especificamente quando e o que plantar. Porreiro não? Nas restantes onze páginas o Borda d'Água aborda outros assuntos interessantes. Na capa tem o calendário do ano 2013, o que é sempre útil, e nas outras tem coisas como os dias e nomes dos feriados e festividades, fases da lua e a tabela das enchentes e vazantes das marés, eclipses, festas e feiras, pequenos textos e pensamentos moralizadores e sabedoria popular.

Mas o que queria mesmo partilhar convosco é o significado que o Borda d'Água tem para mim. Se não me falha a memória este foi dos primeiros livros que li ou com o qual tive contacto, tirando os livros escolares, claro. O meu avô materno não prescindia da sabedoria publicada todos os anos por este almanaque. Lia interessadamente cada palavra com os óculos postos com ar inteligente. Agora percebo onde é que ele se inspirava para me cantar o fadinho quando eu fazia traquinices. Valores que nesta era moderna em tempo de crise todos parecem esquecer. Valores transmitidos de pai para filha, de avô para neto, de mãe para filho, que eu ouvi e ainda ouço vezes sem conta. Pequenas frases populares carregadas de significado. Frases como li ao desfolhar a edição do Borda d'Água de 2013 que orgulhosamente adquiri, e que me fizeram refletir nesta vida que por vezes chamamos de ingrata. Frases daquelas que agora circulam nas redes sociais, que muitos jovens leêm mas parece não sentirem, mas que mesmo assim valem a pena repetir.

"Se um homem procura numa vida boa algo para além dela, então não é a vida boa que procura" - Plotino.

"Filho és pai serás, conforme fizeres assim acharás"

quinta-feira, 30 de agosto de 2012

Floreira com tratamento especial virou chic

É tudo muito fofo e muito lindo mas se não pusermos mãos ao trabalho entretanto todos os sonhos e desvaires que andamos a ter não vão passar disso mesmo.

Aspecto da floreira antes de pintada e decorada

Ora, vamos lá então. Como mostrámos em Um vaso para lá de chic, já temos a decoração definida para os vasos pequenos que vão servir para plantar coisas mais pequeninas como salsa e erva cidreira. Estes dois que vêm na imagem vão ter o mesmo tratamento. No final, a nossa ideia é ter nove vasinhos iguais. Isto para começar, claro. Por detrás destes dois vasitos vêem a última aquisição que fizemos para a nossa horta: uma floreira de barro de 70 centímetros de largura. Eu sei que disse que não queria nada piroso, mas calma, isto não vai ficar assim. Estão a ver o recipiente improvisado com tinta branca? Ah pois é! 

Fomos pesquisar como transformar uma floreira de barro convencional em qualquer coisa que fizesse lembrar o estilo Shabby Chic que pretendemos. Não encontrámos nada em específico para floreiras de barro mas descobrimos uma técnica usada para alterar o acabamento de um objecto se chama pátina. No nosso caso queremos que fique com o aspecto de antigo.

Então foi assim que o marido fez: pintou a floreira com tinta de água branca, deixou secar, deu outra demão, deixou secar novamente e depois com uma lixa foi tirando bocadinhos da tinta aqui e ali. Como a floreira tem um trabalhado em relevo ficou com um efeito engraçado. Até acho que ficou bastante giro e que vai funcionar lindamente no nosso conceito.

Aspecto da floreira depois de pintada e decorada
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Agora a ideia é fazermos três iguais a esta para plantar os frutos e legumes de maior porte e acabar os vasitos a ver se FINALMENTE começamos a plantar alguma coisa. Chiça!

quarta-feira, 29 de agosto de 2012

Chá para dois?

Mesa de chá para jardim

Neste momento já temos definidas as zonas de horta e de jardim da nossa varanda, ambas condensadas ao máximo. Falta agora definir as zonas de estar e de arrumos que terão inevitavelmente que ter o mesmo trato.

Quando me pus a imaginar a zona de estar veio-me logo à cabeça a imagem de uma mesinha de chá ao estilo Alice no país das maravilhas, umas cadeiras de ferro brancas - mas almofadadas, que o principal aqui é o conforto - muito verde, água a correr ao fundo, muitas rosas ao estilo Shabby Chic, enfim... sonhos... Depois a realidade bateu-me em cheio no meio da testa e lembrei-me que só tenho - quanto? - 0,75 metros quadrados para a zona de estar. Acho que não tarda tenho pesadelos com este número.

Bom, colocando estas ideias todas na máquina de lavar com a temperatura máxima para ficar tudo bem encolhidinho cheguei à conclusão que podia excluir a água a correr, o verde e até as rosas mas a mesinha de chá não pode faltar de jeito nenhum. As cadeiras a condizer é que já não vão caber na varanda... E depois ainda vou ter que arranjar espaço para os arrumos. Ó senhores!

Plim! Ideia! Vamos ter um dois-em-um na nossa varanda. Isto para começar. Lá mais para a frente, quiçá, teremos um sete-em-um. Pronto, o dois-em-um que eu estou a pensar é um daqueles arquibancos que se usavam antigamente e que à uns anos caíram em desuso. Mas acho que neste caso faz todo o sentido usar um artefacto deste género que me vai permitir ter lugares sentados sem ocupar tanto espaço como usando cadeiras e ainda tenho o bónus de ter espaço para arrumação. Olha! É impressão minha ou acabei de encontrar a nossa zona de arrumos em menos de 0,75 metros quadrados?

Espectáculo! Depois é só arranjar umas almofadas fofinhas e um serviço de chá super chic e está a zona de estar feita. Até posso arranjar também uma jarra com umas rosas selvagens e acabo por não ter de abdicar de quase nada da minha ideia original. Já me estou a imaginar sentadinha a ler um livro e a tomar chá com o cheirinho do jasmim ao lado. Huummm.

terça-feira, 28 de agosto de 2012

Planificação do jardim

Flor do jasmim

Como o marido está encarregue de pôr a zona da horta a andar (de-va-ga-ri-nho mas vai) vou agora debruçar-me sobre a segunda zona mais importante da nossa varanda: o jardim. Nesta área a minha principal preocupação é ter plantas bonitas, floridas, cheirosas e que não dêem muito trabalho. Mas o principal mesmo é que o que quer que arranje para o nosso jardim não ocupe mais de 0,75 metros quadrados. Glup.

Posto isto, andei a pesquisar e descobri que existem plantas que são mais propícias a purificar o ar que outras e, tendo em conta o passado negro da nossa varanda, é isso mesmo que se quer. Descobri também que, durante dois anos, os senhores da NASA andaram em teste para descobrir que plantas os podiam ajudar na tarefa de purificar o ar das suas estações espaciais. No final fizeram uma lista com o top 30 das plantas amiguinhas do ambiente. Ora, se servem para as estações espaciais acho que também podem servir para a nossa varanda.

Dando uma vista de olhos geral nessa lista tenho que excluir logo à partida uns bons três quartos das plantas que a compõem por serem plantas de grande porte - achei especial piada à árvore da borracha. Das restantes conheço as gerberas, os lírios, os crisântemos e as orquídeas. O problema é que pelo que percebi não posso chegar ali a um viveiro de plantas, trazer uma orquídea e já está. Nãaaao, os senhores da NASA tinham que complicar. Tenho que trazer exactamente as espécies que estão na lista e ter não sei quantas por metro quadrado para a coisa resultar. Acho que já vos disse que só tenho 0,75 metros quadrados para o jardim, não já?

Como esta solução não me parece nada viável vou optar pelo plano B. Se não posso purificar o ar, disfarço os odores. Eu sei que parece um bocado nojentinho mas é o que temos. Sendo assim, fui à procura de uma plantinha bonita, que ocupasse pouco espaço e que deixasse um cheirinho bom. E dei com o jasmim. Eu sei que ele pode crescer muito mas posso usá-lo como trepadeira pela rede sobreira acima e fazer com que ocupe pouco espaço no chão. Ainda não fui cheirar nenhum ao vivo mas estou inclinada para o fazer e trazer um cá para casa se o meu olfacto estiver de acordo.

segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Um espaço, infinitas possibilidades

Jardim com estilo

Como temos espaço na varanda que nunca mais acaba acho que vai ficar muito vazio se só fizermos lá uma hortita, assim com meia dúzia de vasitos e floreiras. Por isso, acho que faz todo o sentido fazer como no Querido Mudei a Casa e criar várias zonas independentes dentro do mesmo espaço como eles fazem nos jardins das casas que visitam. Vou ter que puxar pela cabeça para conseguir preencher o espaço e não deixar que as pessoas, ao entrarem na varanda, fiquem com uma sensação de vazio, mas hei-de conseguir.

Assim de repente estou a lembrar-me de delimitar um espaço para a horta, claro, uma zona de jardim, uma zona de estar - para relaxar a ler um livro e beber um chazinho - e um espaço para arrumos, que uma horta e um jardim vão resultar em muitos utensílios para arrumar. Isto fazendo as contas assim por alto temos 3 metros quadrados para distribuir por estas áreas... ora, noves fora nada e vai um... se não me falha a matemática temos uns estrondosos 0,75 metros quadrados para cada espaço. Tchiii catano!

O que vale é que a necessidade aguça o engenho e com esta coisa da horta tive que dar corda à ponta dos dedos e pôr-me a pesquisar para encontrar soluções funcionais e bonitas em espaços pequenos. Foi assim que encontrei o blog Um jardim para cuidar que, entre muitos outros artigos interessantes, tem este Pequenos jardins, grandes ideias! que já me dá uma ajudinha em termos de inspiração.

Pronto, agora vou ali para a varanda fazer contas de cabeça e delimitar espaços a ver se ponho alguma organização nisto.

sexta-feira, 24 de agosto de 2012

É tudo muito lindo, mas afinal o que vamos plantar?

Milheiral

Com tantas decorações e limpezas andamos a esquecer-nos do que realmente importa: a nossa horta! Já temos a varanda com as condições climatéricas e de limpeza ideais, e temos os vasos decorados a preceito - só temos um pronto, mas os outros para lá caminham - para receber as primeiras plantações. Nesta fase só falta mesmo decidir um pequenino pormenor, que hortícolas, leguminosas e outros vamos querer plantar na nossa horta. Pus-me a pensar, a pensar, a dar voltas à cabeça...
- Oh mulher, não penses mais. Vamos plantar milho até ao tecto!
- Milho até ao tecto! Mas porquê?
- Para alimentar a vaca, para mais é que havia de ser?
Ora o milho pode ser usado em variadíssimas receitas culinárias como o arroz de milho, a massaroca ou a pipoca. As barbas de milho fazem um belíssimo chá que é óptimo para os rins. É verdade que também serve para encher a barriga dos animais ruminantes como a nossa vaquinha, e pode perfeitamente ir até ao tecto que a varanda do andar de cima não fica assim tão longe quanto isso. Até que tem o seu interesse, o miúdo podia brincar às escondidas com os pais por entre os pés de milho e tudo.

Pois, isto é tudo muito giro mas se calhar esta ideia de plantar milho até ao tecto não é a mais recomendável para quem, como nós, quer que a horta sirva de complemento ao que temos que comprar todos os dias no supermercado para fazer as refeições. E depois não me está a apetecer muito enfardar massarocas todos os dias ao jantar. Pronto, toca a riscar da lista e a pensar em alternativas. Assim de repente, estou a lembrar-me de umas ervitas aromáticas como salsa, hortelã, mangericão, alecrim, cidreira e cebolinho. Só isto já me vai encher seis vasitos. Mas ainda queria plantar coisas mais substanciais como espinafres, tomates e morangos mas isso tem que ser numas floreiras ou algo assim para o maiorzito. Ai, que agora me veio à cabeça a senhora do matacão de três quilos, credo!

quinta-feira, 23 de agosto de 2012

O teste do algodão

Sujidade antes e depois - teste do algodão

Quando decidimos criar uma horta na varanda a primeira preocupação que nos assolou o pensamento foi a sujidade que deambulava por aquelas bandas. Pusemos mãos à obra para resolver o problema e o resultado foi uma rede sombreira em toda a volta da varanda. Assim que terminámos essa tarefa perguntámo-nos em uníssono: será que esta rede vai servir para alguma coisa e nos vai deixar ter aqui algumas hortícolas? E do que é que o marido se lembrou? Do teste do algodão que ficou famoso à uns anos por causa da publicidade àquele produto de limpeza que passava na televisão.

Então, o marido passou a esfregona no chão da varanda e tal como no reclame publicitário fizemos o teste do algodão. Como as mãos de uma mulher ficam sempre melhor nas fotografias, eu passei o algodão no chão da varanda e ele tirou a fotografia. Fizemos o teste no dia em que demos (finalmente) a colocação da rede por concluída e agora, uma semana e três dias depois, para verificarmos a funcionalidade do projecto. Por isso aqui têm o antes e o depois. E nem vale a pena virem com a história dos photoshops ou de que passámos os dois algodões no mesmo dia ou outras mirabolices do género que aqui é tudo gente séria, ok?

Como podem ver pela imagem, a varanda agora está... suja, mas nada como antes da construção da nossa marquise low cost. Portanto, diria que foi um sucesso. Não só porque assim de certeza que as culturas vão ter muito mais hipóteses de sobreviver, mas também porque o chão está relativamente limpo o que resulta em menos trabalho doméstico. Isto agora está a dar-me uma ideia... O que é que eu posso revestir mais com a rede sombreira para melhorar ainda mais a minha qualidade de vida? Huuummm...

quarta-feira, 22 de agosto de 2012

Um vaso para lá de chic

Agora já perceberam todos como se faz o molde para cortar o tecido, não já?
- Siiiiiim!!

Vaso decorado com tecido

Com o molde feito, foi só recortar o tecido. Quando o fomos comprar o marido disse que uns 15 centímetros chegavam, tendo em conta a altura do vaso. Como só vendiam em múltiplos de 10 trouxemos 20 centímetros. Só vos digo que foi mesmo à justa, quase que não chegava. Do mal o menos, sempre foi menos catastrófico que o episódio do compra bucha e troca bucha, compra broca e troca broca.

Estando o tecido pronto, seguimos para a fase decisiva em que demos uma oportunidade ao verniz cola de nos mostrar do que era capaz. O homem disse para eu ir tratar da minha vidinha que ele tomava conta das ocorrências e eu, bem mandada que sou, lá fui.

Passados uns minutos só o ouvia a dizer "espectacular!" e "isto assim não custa nada!" e "acertámos em cheio!". Pronto, foi só passar uma camada de cola no vaso, colocar o tecido bem esticadinho e rematar com outra camada de cola por fora, para fazer de isolante e de verniz, como dizia nas instruções. Ficou com um acabamento muito bom e custou muito pouco.

Mostro aqui o resultado final: um vaso decorado com uma peça de tecido e outra cortada pronta a colar no próximo. Agora só tenho que decidir quantos vasos iguais a este vou querer e mandar vir um carregamento deles. Por mandar vir entenda-se ir comprar à loja que esta horta não tem patrocínios. Também tenho que falar com o mestre de obras para engendrarmos uma forma de dispor os vasitos todos na vertical de maneira a ficar um ínicio de horta todo catita e chic.

terça-feira, 21 de agosto de 2012

Como decorar um vaso com tecido

Molde para forrar um vaso
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Aposto que assim que viram esta imagem uns bons 84% de vós disse ou pensou numa ou duas palavras menos glamorosas. Pois é! É com isto que eu tenho que lidar todos os dias, vejam só a minha sina. Como é que o raio do homem, depois de ter passado pela matemática há mais de dez anos, ainda se lembra destas coisas?! Mas ainda bem que pelo menos um de nós ficou com isso na cabeça. Como o tecido que escolhi tem um padrão todo rococó, dei por mim a dar cabeçadas na parede por não saber como colar a coisa de maneira a que o padrão ficasse direitinho no vaso. Estava eu nesta angústia e aparece-me o marido à entrada da sala.
- Calma, amor! Eu salvo a situação!
Por breves segundos ia jurar que o vi a abrir a camisa e ouvi um ta-tara-taaan como som de fundo. Sacudi ligeiramente a cabeça para afastar esta imagem do pensamento e concentrei-me no que interessava. Ele lá me explicou que ia fazer um molde em papel exactamente com o formato necessário para colar o tecido certinho no vaso e sem desperdícios. Nem por um instante hesitei de que ele seria capaz. Tenho um homem muito prendado, benzó Deus!

Perfeccionista como é, até me admirava se ele não aproveitasse o momento para brincar aos engenheiros. É como se de um doce se tratasse. Saliva como um menino pequenino. Fechou-se no seu mundo encantado e brincou deliciado com seno e co-seno, raiz quadrada, somas, subtracções, multiplicações e divisões, embalado ao ritmo do som dos cliques do rato enquanto desenhava uma série de linhas rectas e curvas, como quem dança a valsa da trigonometria. Isto só visto!

Compasso improvisado

Após umas horas o homem lá saiu da sua pequena caixa - porque ouvi dizer que os homens têm uma caixa para cada coisa dentro do cérebro - e apressou-se a chamar-me muito orgulhoso no resultado final.
- Hã?! Que tal? Brutal, não?
- Sim querido... Está lindo!
Às vezes o melhor é não contrariar e deixarmo-nos ir na onda.
- E agora como é que crias esse modelo em papel à escala real?
- Olha... com um compasso, como é que havia de ser?
- Pois é! Por acaso já te lembraste que não temos nenhum compasso?
- Pois não... Já sei! Queres ver outra cena brutal?
Perguntou-me ele com um sorriso malandro. Até me arrepio toda quando ele se entusiasma assim. Então foi vê-lo a sacar da agulha de ponto cruz e do fio com que coseu a rede sombreira. Fixou a agulha na união das três partes amovíveis da nossa mesa da sala de estar, mediu milimetricamente uma das distâncias que calculou com afinco e ajustou o comprimento do fio com precisão usando um dos nós xpto. Fixou uma extremidade à agulha e na outra prendeu um lápis porta minas. Pronto! Temos um compasso 100% fiável.

Agora é só recortar o papel, o tecido usando o modelo calculado e rezar para que a cola que comprámos sirva para o efeito de decoração pretendido.

segunda-feira, 20 de agosto de 2012

Apetece-me algo... diferente

Um mês a tratar de limpar, isolar e transformar a varanda numa base de trabalho aceitável para a nossa horta, convenhamos que se calhar já é suficiente, certo?

Como decorar vaso de barro

Sendo assim, parece-nos mais lógico que o próximo passo se resuma a prepararmos um vasito para ver se começa a brotar alguma coisa da terra por estes lados. Mas como quero fazer uma coisa bonitinha dentro do conceito Shabby Chic de que vos falei, convidei o marido para procurarmos em família materiais que se enquadrem nesse tema para com isso tornarmos o vaso um nadinha mais agradável à vista.

- Pronto! Eu logo vi que esta coisa de uma "horta cuidada e bonita" não ia ser pêra doce.

Primeiro pensei em pintar o vaso com tinta esmalte ou outra do género, mas achei que era demasiado simples para o conceito que idealizei. Depois o marido pensou em usar papel de parede para decorar o vaso, mas uma viagem rápida ao Aki depois do trabalho dissuadiu-o logo desse propósito. Tinha que comprar um rolo de alguns 500 metros para usar apenas uns centimetrozinhos mixurucas.

Inspirada pela ideia do marido, lembrei-me então que o melhor seria talvez decorarmos o vaso com tecido. Enchemos o peito de ar e num certo dia, em jeito de romaria, colocámos o nosso mais pequeno na voiture e partimos em busca de material para executar tal façanha. Fomos a uma papelaria de que já sou cliente à vários anos e que tem um cantinho para quem gosta destas coisas dos trabalhos manuais. Quando lá chegámos vimos que o cantinho aumentou consideravelmente e que agora têm uma zona só dedicada a tecidos, com rolos enormes de vários padrões e feitios! Yeeah!

Analisando assim ao viés um dos rolos, vi que o tecido tinha uns bons dois metros de largura. Ora se tivesse que comprar no mínimo um metro de comprimento ficava com tecido para forrar um bidon. Perante tal panorama, aprecei-me logo a questionar uma funcionária que me acalmou e disse que podia comprar em múltiplos de dez centímetros.

Depois de quinze minutos - que ao marido pareceram duas horas - para escolher um padrão adequado, pedi à senhora para me arranjar vinte centímetros de um tecido azul bebé envelhecido com um estampado em branco. Já impaciente, o marido pediu apressadamente ajuda à senhora para encontrar uma cola que agarrasse tecido a barro. Ela indicou-lhe uma em spray mas aquilo não me inspirou muita confiança. Ao lado vi um verniz cola indicado para decoupage e pedi-lhe a sua opinião. Ela disse que podíamos experimentar mas que não garantia que resultasse. Mesmo assim decidimos arriscar e voltámos para casa com o tecido, a cola e uma trincha com o objectivo de realizarmos a experiência de decoração do vaso. Vamos ver no que isto dá...

sexta-feira, 17 de agosto de 2012

Encontrei de tudo, menos o que procurava

Feira de velharias
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Este fim-de-semana houve feira de velharias cá na terra. Costumava ser num espacinho pequeno junto a uma fonte e agora já ocupa quase todo o centro histórico da cidade. Deve ser da crise...

Já sabíamos que esta feira existia à muito mas nunca tínhamos lá ido. Desta vez, com o pretexto de que precisávamos de coisas para a varanda, aproveitámos para ir passear e para conhecer a feira. Colocámos o miúdo no marsupio e ala que se faz tarde!

De todos os artigos que eu gostava de lá encontrar, o principal era uma estrutura em ferro de um qualquer portão, varandim ou outro que pudesse servir de suporte rectangular para colocar os vasos na vertical agarrados a uma das paredes da varanda. Saiu furado... A única coisa semelhante que vi foi um artefacto de ferro que formava um quadrado e com o desenho de um vaso no meio. O marido ainda conseguiu pôr a imaginação a funcionar e visualizar ali mais outro bocado de ferro soldado para dar continuação ao trabalhado daquele... mas eu não...

Vimos muitas garrafas de vidro antigas, caldeirões, acordeões, gira-discos, moedas, serviços de chá, enfim, de tudo um pouco, menos aquilo em que eu ia com ela fisgada. Vimos muita gente boa e simpática e dois ou três que devem ter acordado com os pés de fora. Vimos gente que nos dizia para tirarmos as fotos que quiséssemos - "Ai é para um blog? Olhe este é o meu contacto, até agradeço!" - e gente que nos pedia cinco euros por foto...

Isto não há nada como sair de casa para ver as coisas boas deste mundo! Viemos para casa de mãos a abanar mas vimos que há muita coisa engraçada nestas feiras e sobretudo vimos que há pessoas que guardam verdadeiras relíquias em casa.

quinta-feira, 16 de agosto de 2012

Ora apreciem lá esta bela peça de artesanato

Gostaram da nossa vaquinha? Ainda não é uma vaca verdadeira, nem dá leite fresco pela manhã, é apenas um mealheiro de barro em forma de vaca, mas por agora já estou satisfeito. Já temos a vaca na varanda! Iupiii!!!

Carro de bois em miniatura
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Continuando a história, quando chegamos a casa dos sogros dela, meus pais, não me contive e fui logo contar a novidade. Foi uma risada geral, o pessoal adorou a vaca e como não podia deixar de ser a nossa horta na varanda foi motivo de conversa quase todo o dia. Vai daí o Rezunga, meu tio padrinho, irmão do meu pai e meu grande amigo, lembrou-se de uma autêntica obra de arte de artesanato que construíra no tempo em que esteve emigrado no Luxemburgo: umas miniaturas de um carro de bois e de dois instrumentos para lavrar a terra, nomeadamente um arado e uma charrua. A nossa vaca mealheiro fizera-o lembrar que ainda lhe falta esculpir duas vacas em miniatura para concluir a obra. Infelizmente em Portugal a vida é mais dura e ainda não lhe deu a oportunidade para libertar o artesão que nele existe.

Arado em miniatura Charrua em miniatura

Pedreiro de profissão, agricultor e inventor nas horas vagas, o Rezunga sempre foi uma referência na minha vida. Quando eu era uma criancinha pequenina - agora sou uma criancinha grande - lembro-me dele ficar até às tantas à martelada na garagem. Desde que o conheço que anda sempre a inventar, não consegue sossegar um momento, só quando a maldita hérnia o manda cansar o sofá. Acho que aprendi isso com ele.

Enfim! O carro de bois trás-me boas memórias. Sou natural de uma aldeia pequenina nos arredores do Baixo Mondego e cresci no seio de uma família com muitas limitações financeiras - não é que agora eu viva à grande, mas pelo menos já conheço mais transportes para além de um burro coto - que retirava boa parte do seu sustento da terra que cultivava. Naquele tempo apanhar batatas, descascar milho, vindimar, etc. era o mais parecido com uma festa que eu conhecia. A entreajuda era constante entre as pessoas mais próximas e sempre que o tio Manel estava presente, o carro de bois era sinónimo de parque de diversões.

Para os mais curiosos, a garrafa que está na imagem não é nenhuma miniatura e tem cinco litros de Whisky dentro.

quarta-feira, 15 de agosto de 2012

Não vão acreditar...

Uma vaca na varanda

Hoje é o dia V, um dia que ficará para sempre nos anais da História, um dia memorável para multidões - ou para duas pessoas, vá - um dia marcante e decisivo nas nossas vidas. Ainda não plantámos nada na horta, ainda não temos um único vasinho de ervas mas já temos... tchan, tchan, tchan, tchaaaan... a vaca!

Quando fomos àquela loja que adorámos e de que vos falei ontem, ao entrarmos dei com uma data de vaquinhas, umas brancas outras beges, e mando um "olha, que vacas tão giras!" ao marido mas naquela que são giras porque estão dentro do tema do nosso blog e ponto final. Mas nãaaaao, o marido tinha que achar piada às vaquinhas e querer trazer logo uma cá para casa! Porque "faz todo o sentido" e porque "assim a varanda já tem vaca" e patati e patata. Claro que não se calou enquanto não meti uma debaixo do braço e avancei em direcção à caixa.

Havia-as em várias posições e expressões faciais. A que nos chamou mais a atenção e que fez logo o clic foi esta que se estava a rir com quantos dentes tinha. Em relação à cor, vá lá que me deixou trazer uma vaquinha bege que as outras brancas, a bem dizer, eram um bocado copinho de leite (ahahah... perceberam?... copinho de leite... ahahah)

E pronto, agora vai ficar aqui sossegada à espera que os donos se dignem a plantar qualquer coisinha a ver se aparece algo verde para trincar. Se calhar devíamos arranjar-lhe um nome para não ser "a vaca" para todo o sempre... 

Para quem está a pensar sugerir Cornélia, não se canse que não vale a pena.

terça-feira, 14 de agosto de 2012

Vasos há muitos!

Conjunto de vasos de lata com uma decoração tipo Shabby Chic

Para avançarmos com o projecto decidimos que o próximo passo seria dedicarmo-nos a ver o que existe por aí em termos de vasos, floreiras e outros que tais. Como o tempo é escasso aproveitamos todos os bocadinhos para fazermos prospecção e ver o que os espaços comerciais têm para nos oferecer.

Numa das viagens para casa dos sogros lembrámo-nos de ir parando pelo caminho sempre que víssemos qualquer coisa que nos chamasse a atenção. Passámos por casas que fabricam os vasos e que têm venda ao público, estufas e comércios para jardim. Basicamente, uma viagem que costuma demorar 45 minutos ficou em 2 horas, mas valeu a pena!

Num dos sítios que parámos explicámos à senhora que a nossa ideia era ter vasinhos mais para o pequeno para colocar as ervas aromáticas e que gostávamos de os pendurar na parede de alguma forma. Peguei num vaso que gostei, simples e de linhas direitas, e vai a senhora:

- Ai menina, esse vasinho não lhe dá para nada! O que você precisa é de um assim...

E saca de um matacão de alguns 3 quilos todo cheio de rococós.

- 'Tá a ver? Este já trás dois buracos atrás para prender à parede e fica com muito mais espaço para plantar. 

Mas você acha que eu vou plantar um batatal na varanda e ainda por cima pendurado na parede?! - pensei eu, mas respondi-lhe só:

- Estava a pensar mais num destes para começar, depois se resultar vimos buscar mais iguais.

A última paragem foi numa estufa que também tem a parte de utensílios e decoração e ficámos fãs. Têm muitos artigos que encaixam no estilo que idealizámos e fofinhos que só eles. Assim de repente já antevejo várias idas e vindas de lá para trazer muita coisa ao nível de decoração e de plantio.

Agora, estamos ainda mais confiantes que um ambiente com design shabby chic será o ideal para a nossa varanda e para nós. Vamos a ver se nos desenrascamos e conseguimos concretizar o que temos na cabeça...

segunda-feira, 13 de agosto de 2012

Shabby Chic

Depois de tantos posts sobre brocas, buchas e outras coisas de macho acho que está na altura de introduzir algo mais agradável à vista e mais a puxar para o romântico. Atenção senhores, se fosse a vocês não fugia já a correr que podem aprender aqui uma ou duas coisitas para agradar às vossas meninas.

Sala decorada ao estilo Shabby Chic com vista para o terraçoMarquise decorada ao estilo Shabby Chic

Shabby Chic, conhecem? Andava eu à deriva a achar que o estilo que queria para a nossa varanda era qualquer coisa entre o vintage e o campestre e acabei de descobrir que o conceito que eu tinha na cabeça já existe. Isto realmente é como eles dizem: ninguém inventa nada, apenas acrescenta algo a um conceito que já existe.

Agora sim, posso assegurar ao mundo inteiro que é isto que eu quero: Shabby Chic! E o maridinho nem pense que tem voto na matéria que eu já o deixo andar muito à vontade nesta coisa das contruções.

E perguntam vocês: o que é o Shabby Chic? Pois bem, diz a nossa amiga Wikipédia (ahahah) que é uma forma de design de interiores onde são utilizados móveis desgastados pelo tempo ou apenas com aspecto disso. As cores mais usadas são neutras como o branco e os pasteis e diz que não podem faltar rosas e objectos mais femininos. Estas duas últimas acho que vou ter que dispensar senão ainda me dá o badagaio ao homem. E mesmo assim vamos lá ver se ele vai nesta...

Dizem que este estilo também se pode chamar de cottage style ou estilo chalé mas pessoalmente acho shabby chic muito mais fofinho. Se se quiserem inspirar é só pedir ao nosso sempre prestável Google por umas ideias.

Claro que não temos varanda suficiente para concretizar metade destas ideias mas estas cabecinhas pensadoras hão-de arranjar uma forma de adaptar tudo às condições actuais.

Eh pá, fiquei tão entusiasmada com esta descoberta que agora só me apetece ganhar o euromilhões para ter uma casa inteira para decorar à base do shabby chic! Vou já tratar disso.

sexta-feira, 10 de agosto de 2012

Agarrem-me que eu vou-me a ele!

Boca sensual de uma mulher enervada a mostrar os dentes

Nos últimos tempos os meus dias têm sido... como direi... extenuantes, vá. Entre tratar da criança, fazer as refeições, tratar da casa e da roupa, ir às compras e ao médico e ainda arranjar umas horitas para dormir, às vezes nem tenho tempo de fazer coisas tão básicas como ver a novela das 9. Os únicos bocadinhos que tenho de alguma descontracção são quando venho aqui debitar umas barbaridades.

Então, estava eu na minha vidinha e o marido armado em bom sai-me com esta:
- Se queres fazer um design xpto na varanda é agora que eu quero começar a plantar não tarda!
Ficou tudo vermelho!

Ainda à dias me veio com a conversa do "tens que descansar mais" e do "a horta é para descontrairmos e irmos fazendo" e agora é isto? Respirei fundo e resolvi ignorar. Na certa aquilo foi sol a mais na cabeça e já lhe passa. Por acaso até me está a apetecer pesquisar mais ideias de decoração e começar a fazer um plano... Mas é porque eu quero e não por estar a ser pressionada, ouviram?!

quinta-feira, 9 de agosto de 2012

Panorâmica da horta

Marquise low cost

Desde que descobriu um software que junta várias fotografias para criar uma só com aspecto de panorâmica que o marido não quer outra coisa.

Cá em casa se não for eu a fazer fotos e vídeos já sei que quando formos velhinhos não vamos ter quase nada para recordar os nossos anos de glória, mas tenho a certeza que o pouco que existir vai ser tudo à base de panorâmicas. Seja no campo ou na praia, dentro ou fora de casa, qualquer coisa é pretexto para ele testar os seus dotes de panoramista. Quando o vejo a fotografar a mesma coisa 54 vezes, fazendo apenas ligeiros desvios para a direita, já sei do que se trata e nem vale a pena perguntar nada. É esperar que ele carregue no botãozinho as tais 54 vezes para depois seguirmos com as nossas vidinhas.

Remetendo para a foto acima, a bem dizer isto ainda não é panorâmica nenhuma da horta que de horta ainda não tem nada, mas assim que se apanhou com os três painéis de rede colocados sacou logo da máquina fotográfica e tchec tchec tchec tchec! Diz que é para as pessoas terem uma noção mais global de como ficou a nossa marquise low cost.

Loucuras à parte a verdade é que ficou bem mais bonito e agradável do que eu estava à espera. Agora é só fazer uma limpeza geral e esperar que o negrume nunca mais se volte a instalar. Vamos dar-lhe uns dias a ver se a super rede sombreira sempre serve para alguma coisa antes de arriscar a plantar a nossa hortinha. Para fazer o teste, e ficarmos a saber se podemos converter a varanda no habitat de variadas espécies de seres vivos, optámos por fazer da única planta que temos em casa a nossa cobaia. Só espero que se a coisa correr mal ela nos possa perdoar um dia...

quarta-feira, 8 de agosto de 2012

Ata e desata

Cortinado de rede sombreira fixado no muro do gradeamento da varanda

Para trás e para a frente, mas que grande trapalhada! Mais uma ida à loja, mais uma carrada de buchas, agora de 5mm, e camarões quanto baste para fixar todos os cortinados de rede sombreira xpto. Pelo menos valeu pela experiência. Fixar os restantes cortinados deverá ser canja, mas antes disso primeiro é preciso prender este ao muro de forma a que fique bem esticadinho.
- Vamos lá voltar ao trabalho que hoje isto tem que ficar pronto!
É a loucura! O construtor vai brocar outra vez. O que que vale é que a broca é bem mais estreita, logo se correr mal quase não se vai notar o estrago.
- Ora bem... dois camarões, um entre o centro e cada extremidade do pau, devem ser suficientes.
Três pontos fixos em cima e dois em baixo?! Já se está a ver o resultado, mas assim fez. Para além disso achou por bem abrir um buraco em cada extremidade do pau que atravessa todo o cortinado, passando cada fio esticador pelos respectivos buracos.
- E agora como é que vou atar isto? O melhor é não inventar muito.
Então? Agora se correr mal é só desatar e atar de novo, inteligente! Enfim, mesmo recorrendo apenas a nós que já dominava, tais como o nó simples, nó de pescador duplo e o muito prático engate de aperto ajustável, a coisa não funcionou como esperava.

Nó simples, nó de pescador duplo e engate de aperto ajustável
Da esquerda para a direita: nó simples, nó de pescador duplo e engate de aperto ajustável.

- Uuui... desta forma não estica bem o cortinado ao centro! Bolas vou ter que abrir mais três buracos que estes não servem.
Correcto! Colocando um camarão entre cada extremidade do pau e cada um dos pontos fixos laterais superiores, depois outro ao meio, a coisa já funciona. Demorou algum tempo a lá chegar, atou e desatou umas quantas vezes, mas desta forma lá conseguiu o construtor fixar o painel de rede sombreira, todo esticadinho, ao muro do gradeamento.
- Oh mulher anda cá ver que isto está impecável!
- Está, está! Mas agora passa para cá o teclado que quem escreve sou eu!

terça-feira, 7 de agosto de 2012

Tinha que embirrar!

Ilustração do coiote com um cartaz com a mensagem "Help!"

Agora quem narra esta parte do espectáculo é aqui o construtor que a minha amada esposa só tem denegrido as minhas capacidades de bricolage.

Sentado na varanda e sem a corajosa ajudante por perto, o construtor colocou no berbequim a nova broca de 10mm de qualidade superior e iniciou os trabalhos para prender o cortinado no muro do gradeamento da varanda.
- Raios me partam se não consigo aplicar pelo menos uma destas malditas buchas!
Então, com toda a certeza do mundo, aponta ao alvo marcado na fita de papel que previamente colara cuidadosamente no muro, dá um suspiro e toca a brocar.
- Impossível! Ferro outra vez?!
Incrédulo com a situação, aplicou mais força e tentou novamente abrir com a broca de 10 o necessário buraco de 11mm, não fosse falta de jeito.
- Uuui! Vou ter que brocar ao lado! Que se lixe. Nem que esburaque a varanda toda, hei-de enfiar uma destas malditas buchas na parede.

Com algum esforço, mesmo no canto entre a parede e o muro do gradeamento, o confiante construtor lá conseguiu finalmente fazer o buraco pretendido. Isto pensando ele que, sendo a parede constituída maioritariamente por tijolo, com um bocado de jeito conseguiria abrir um buraco suficientemente largo para acomodar a amaldiçoada bucha. Assim, certo de que agora é que era, pegou na bucha, apontou-a ao buraco e com todo o carinho... pumba! Mais uma bucha toda torcida.
- Oh valha-me me Deus! Será possível?!
Pegou novamente no berbequim e com o seu jeitinho toca de brocar mais um bocado. Pegou noutra bucha e deu a derradeira martelada... Tcharan!!!
- Entra ou não entra? Quem é que sabe?

Ufa, estávamos a ver que esta luta nunca mais tinha um fim. Infelizmente as peripécias não podiam terminar aqui. Quando finalmente analisou melhor o problema de fixar o painel de rede sombreira no muro da varanda, o tão espertinho construtor apercebeu-se que o sistema de nós que idealizara não funcionaria correctamente com o camarão naquele sítio.
- Ora bolas, depois de tanto esforço acho que é melhor voltar à loja e comprar uns camarões pequenos em forma de L que só assim é que me safo...

segunda-feira, 6 de agosto de 2012

O espectáculo continua

Cortinado de rede sombreira fixado no tecto da varanda

Depois de uma noite bem dormida, o mestre de obras lá foi à loja comprar umas buchas e brocas novas para tentar salvar o nosso projecto da horta na varanda. Desta vez o esposo lembrou-se que se calhar era boa ideia ler as letrinhas que costumam vir na parte de trás das embalagens, e assim chegou à conclusão que afinal uma broca de 6mm e umas buchas normais de plástico são mais do que suficientes para segurar o cortinado no tecto da varanda. Para ter a certeza que não falhava, ele comprou uma quantidade considerável de buchas de 6, 8 e 10mm, três camarões novos para as novas buchas e um conjunto de brocas de betão de 4, 5, 6, 8 e 10mm.

Reunidas as condições para darmos continuidade ao espectáculo, voltámos ao frenético exercício de subir e descer o escadote. Para não dar parte fraca, o artista começou por tapar com uma bucha apropriada o enorme buraco que fizera anteriormente. Como era suposto, tudo correu bem e finalmente ele conseguiu enroscar o primeiro camarão no tecto da varanda.

Todo entusiasmado, o homem colocou a nova broca de 6 no berbequim, subiu o escadote e prossegui com a poluição sonora, até que ao terceiro e último buraco... oops... ferro! Toca de brocar mais ao lado.

Passada a tormenta, o marido lá conseguiu prender as buchas ao tecto e os camarões às buchas. Finalmente vi alguma coisa naquela varanda que dava uma ideia de que algo se ia passar ali.

Por entre um misto de suor e contentamento, o mestre de obras respira de alívio, desce do escadote, pega no cortinado, sobe o escadote e pendura-o nos camarões com toda a satisfação. Foi um momento histórico para a nossa família e que nos fez acreditar que é possível. Urra!

Nisto tudo, ele teve a infeliz ideia de ler as letrinhas da embalagem das buchas que derreteu à martelada. Qual não é o seu espanto quando percebe que as buchas que comprara inicialmente eram para paredes falsas e familiares e que para as aplicar precisava de uma broca de 11mm e não de 10.

Cromo, bem podia ter martelado a noite inteira!

Eu logo vi que algo não podia estar certo. Tinha que haver uma razão para as malfadadas buchas não entraram na cratera deixada pela broca de 10. Amadores...

Próxima etapa: prender o cortinado na parte de baixo... glup... Pelo menos já o pode fazer sentadinho no chão da varanda sem precisar da ajuda aqui da corajosa.

sexta-feira, 3 de agosto de 2012

Desbloqueador de conversa

Ilustração de dois homens a conversar

Noutro dia fomos ao casamento de um amigo. Foi a primeira vez que o pirralho foi a um evento destes mas até se portou  bem, coitadinho.

Na fase dos aperitivos, por entre uma rodela de chouriça e um gole de martini com cerveja, o marido mete conversa com outro convidado:
- Está um rico dia, um bocado ventoso, mas está agradável, não achas?
- Pois...
- Então e a Telma Monteiro? Merece passar à próxima fase...
- Pois é...
- Olha, eu e a mulher iniciámos um novo projecto... blá, blá, blá... vaca na varanda... blá, blá, blá... horta em casa... blá, blá, blá... rede sombreira... blá, blá, blá... ervas aromáticas...
- Realmente a Telma é uma grande lutadora, merece chegar à final!
Bom, no fim de contas o que interessa é que nos estamos a divertir bastante com a coisa. Mais que não seja, a experiência vai ser óptima para aumentarmos os nossos conhecimentos ao nível de carpintaria, bricolage, agricultura e afins. O homem anda tão entusiasmado com a construção da horta na varanda que praticamente já não se agarra ao computador, nem mesmo para ver os bonecos!

BD2x e CC adorámos o vosso casamento! Estava tudo muito bom e lindo. Não pudemos socializar muito que o cachopo suga-nos a atenção até ao tutano mas ainda assim foi bom reencontrar a malta.

quinta-feira, 2 de agosto de 2012

Momento de reflexão

Sala de estar transformada num estaleiro de obras

A rotina do esposo nos últimos dias tem sido: chegar do trabalho, dar uns mimos ao filho e ir para a sala coser cortinados. Depois vai jantar, cose mais cortinados e vamos todos dormir.

Como tenho andado entretida com os meus afazeres nem me tenho lembrado de ir ver como é que ele se estava a organizar na sala para conseguir coser os restantes cinco metros de cortinados. Ontem, assim do nada, este cérebro lembrou-se de ir dar uma espreitadela a fim de verificar se o habilidoso precisava de ajuda. E dei com isto!!

Basicamente amontoou tudo o que havia na sala na zona da porta de entrada porque dá muuuuito mais jeito. Diz que assim consegue trabalhar mais à vontade na zona da varanda. O problema é que o espertinho se esqueceu que nós vivemos num mundo social, onde existem outros seres humanos que a qualquer altura me podem entrar pela casa adentro e dar com este espectáculo!

Já estou a imaginar os pais, a tia, a prima e os amigos a entrarem na sala... Vão ser ahhhhs e ohhhhs de espanto - Mas o que raio é que aconteceu ali? - isso e a malta a ligar a perguntar - Então? Vamos a uma suecada? - e nós sem graça a responder - Eh pá... só se for em tua casa que na minha passou um tornado!

Inspira... Expira... Inspira... Expira...

quarta-feira, 1 de agosto de 2012

Primeiro contratempo

Conjunto de brocas, buchas e parafusos tudo deformado

Depois de superado o desafio de subir até ao último degrau do escadote e de fazer o primeiro buraco, deparámo-nos com uma nova etapa: a colocação da primeira bucha. Olhando de relance para as buchas que comprou, o marido atirou para o ar:
- Preciso de uma broca de 8!
Sobe ao escadote com a broca de 8mm no berbequim e trrrreeee.... desce do escadote, pega no martelo e na bucha, sobe novamente o escadote e pec, pec, pec...
- Olha, não entra, tenho que usar a broca de 10!
Então, muito confiante, o marido desce do escadote, coloca a broca de 10mm no berbequim, sobe o escadote e trrrreeee...

Bem, isto repete-se durante aí uma meia hora por entre troca de brocas e marteladas na bucha. O resultado é uma broca de 8mm partida, duas ou três buchas desfiguradas e um buraco no tecto que acho que se fosse no chão e o Google Maps actualizasse as fotos era coisa para se ver nitidamente.

O que se tirou de positivo desta meia horinha das nossas vidas foram os meus bíceps exercitados, de segurar o escadote e as calças do homem, e os meus nervos postos à prova, que isto de imaginar que o marido cai em queda livre a qualquer momento e que a culpa é nossa por não comermos mais espinafres não é para qualquer uma!

Enfim! Parece que o marido tem que ir à loja comprar outras buchas e umas brocas novas porque estas já foram...